Quatro pilares da mensuração do impacto socioambiental
24 junho 2019 - saopaulo

Por Alan Guedes, Líder para a América Latina, Vera Solutions

O setor corporativo não mede esforços para coletar, analisar e difundir dados a fim de que seus resultados sejam sempre os melhores possíveis. As empresas de sucesso têm produtos e serviços excelentes porque investem na mensuração daquilo que é mais importante para elas, seja a satisfação do consumidor, a remuneração do acionista ou o lançamento de produtos inovadores. O que seria das seguradoras se não investissem muitos recursos para calcular seus riscos adequadamente e cobrar os prêmios corretos dos clientes? E os fabricantes de computadores e celulares se não compreendessem bem aquilo que seus consumidores querem?

No setor socioambiental, não deve ser diferente. Se nossas organizações nasceram e existem para causar impacto social e ambiental positivo, é parte da nossa sobrevivência investir tempo e dinheiro na mensuração deste impacto. Só assim conseguiremos melhorar nossa eficiência, ter uma equipe feliz, atrair investidores e clientes, e cumprir com nossa missão. A Women Win, organização onde trabalhei há alguns anos, só é capaz de promover melhorias-chave em seus programas de esportes e habilidades para a vida com adolescentes em todo o mundo porque leva a sério a mensuração de seu impacto. Descobriu, por exemplo, que grupos de meninas cujas facilitadoras chegam 15 minutos antes do treino e vão embora 15 minutos depois, têm resultados muito melhores do que os grupos de facilitadoras que chegam e saem no horário estipulado para o treino.

De maneira geral, a mensuração de impacto socioambiental tem três dimensões importantes:

Escala/alcance (ex. quantos indivíduos, quantas casas)
Profundidade/efeito (ex. qual a mudança observada por indivíduo, casa; geralmente, considera-se uma linha base e uma avaliação posterior de comparação)
Tempo (ex. em que período de tempo as ações ou as mudanças ocorreram)
Na experiência da Vera Solutions, depois de projetos com quase 300 organizações pelo mundo e muitos deles relacionados à mensuração de impacto, percebemos que há quatro pilares importantes para as organizações de impacto socioambiental realizarem monitoramento e avaliação de seus trabalhos com êxito:

Estratégia adequada. O primeiro passo para uma boa mensuração de impacto é a definição da Teoria de Mudança e Marco Lógico em conjunto com indicadores SMART que definirão claramente o significado do sucesso ou insucesso.
Ferramentas e métodos apropriados. Seja para coleta de dados diária ou avaliações de resultado com intervalos de alguns anos, são necessários instrumentos de coleta de dados adequados. Os questionários criados e formas de coleta de dados devem ser pensados cuidadosamente para evitar enviesamento e, ao mesmo tempo, se adequar ao tipo de evidência que se busca, sempre simplificando o máximo possível.
Sistemas robustos. Quando temos as ferramentas criadas e padronizadas, é hora de definirmos processos e escolhermos uma plataforma para gerenciar o fluxo de dados e análise dos resultados diários. Os sistemas precisam progredir à medida que os programas mudam, portanto flexibilidade é um ponto-chave.
Habilidade correta. As pessoas envolvidas no processo de mensuração do impacto precisam ter as habilidades adequadas e tempo suficiente para coletar, fazer a gestão, analisar e utilizar os dados de forma eficaz. Estas pessoas podem já fazer parte da equipe da organização ou serem contratadas.
Independentemente do nível de maturidade da organização de impacto socioambiental, é essencial que coloque a mensuração do resultado do trabalho e tomada de decisões baseada em dados como ponto central do negócio. Seja no início do processo de construção do monitoramento e avaliação da organização ou em uma fase de revisão, os quatro pilares devem ajudar no êxito de organizações de impacto gerando cada vez mais impacto.

Texto baseado neste artigo original de Zak Kaufman, CEO da Vera Solutions