No início do ano de 2022, eu e duas colegas de trabalho começamos a nos reunir semanalmente para discutir e conversar sobre ações de impacto socioambiental que queríamos colocar atenção dentro do Impact Hub Floripa. Essas ações, que por sua vez eram organizadas por nós, tinham como objetivo dar voz ao impacto que acreditávamos como principal fonte do nosso propósito. Eram encontros provocativos, e ao mesmo tempo acolhedores, pois encontrávamos ali um afago e consolo antes de nos prepararmos para arregaçar as mangas.
Então, começamos a nos aproximar cada vez mais dos movimentos do Impact Hub Global, e chegou a importante notícia de que nós, como uma rede global integrada, tínhamos um objetivo em comum com os outros Hubs: iniciar a caminhada do Net Zero até o ano de 2025. Ao mesmo tempo que era algo tão distante, de certa forma entendemos que era necessário conquistar força e apoio para que esse projeto fosse então realizado. Foi aí que tivemos a ideia de criar um Comitê de Sustentabilidade, para que mais pessoas que acreditavam na causa pudessem se aproximar de nós: criamos, então, o Comitê Buva.
A buva é uma PANC (planta alimentícia não convencional) que resiste a todos os tipos de solo, de ambiente e de temperatura. Consegue florir e crescer mesmo nascendo entre frestas de concreto, totalmente resistente a agrotóxicos e odiada pelo agronegócio. A única coisa que ela não suporta é a falta de claridade.
Esse comitê foi criado com o intuito de dar mais visibilidade para questões de âmbito socioambiental dentro do Impact Hub, colocar em prática projetos que estão dentro da caixa há um tempo, e apoiar projetos que já estão em andamento, mas que precisam de atenção.
Começamos então a dar voz ao comitê, mais pessoas começaram a fazer parte, e começamos a liderar ações como limpezas de praia, célula de consumo consciente, manejo de plantas exóticas em ambientes de preservação e mata nativa; e a organizar e facilitar eventos de empreendedorismo positivo na comunidade de coworking do Impact Hub Floripa.
Além disso, iniciamos os estudos do tema Net Zero e, por ser um tema de muita complexidade, é importante dar ênfase e contextualização sobre ele.
Nos últimos anos, temos testemunhado o aumento alarmante de desastres ambientais causados pela crescente emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). Isso não é algo que precisamos prevenir para que não aconteça, pois simplesmente já se tornou a nossa realidade. O debate sobre as mudanças climáticas tem ganhado destaque em nível global, mobilizando tanto governos quanto empresas, que agora buscam alcançar a meta de se tornarem Net Zero.
O conceito de Net Zero, fortemente ligado aos princípios ESG (Ambiental, Social e Governança), visa reduzir de forma significativa o uso de fontes de energia fósseis, como petróleo e carvão, principais responsáveis pela intensificação dessas catástrofes.
Para que essa transição seja bem sucedida, é essencial que empresas, governos e a sociedade como um todo assumam um compromisso real com o Net Zero, com o objetivo de conter o aquecimento global e evitar catástrofes ambientais cada vez mais graves. A expressão completa, “Net Zero Carbon Emissions” (zero emissões líquidas de carbono), simboliza essa meta ambiciosa.
As mudanças climáticas estão se tornando cada vez mais visíveis, com eventos extremos como enchentes, queimadas, derretimento das calotas polares e variações drásticas de temperatura em diversas partes do mundo.
Esses fenômenos são resultado direto do aumento da temperatura média global, que já subiu 1,5ºC desde a Revolução Industrial. Nos últimos 250 anos, desde o início da industrialização no século 18, a humanidade despejou grandes quantidades de gases de efeito estufa na atmosfera – especialmente dióxido de carbono (CO2) – sem restrições. Agora, estamos enfrentando o impacto desse acúmulo.
Depois de longos dois anos de entendimento sobre a seriedade do tema – que com toda certeza contextualizei apenas uma pequena parte da sua complexidade neste artigo – e tentando compreender quem seria o nosso parceiro nessa jornada, é com imenso prazer que anunciamos o início do projeto Net Zero na unidade Primavera do Impact Hub Floripa, em parceria com a empresa Carbon Free.
Vamos iniciar esse percurso realizando o Inventário de GEE (Gases de Efeito Estufa) para mensurar a porcentagem de gases nocivos que emitimos na atmosfera. Tenho a honra e o comprometimento de liderar este projeto junto com o Márcio Cabral, responsável pelo KR (Key Result) institucional dedicado a esta temática, e parceiro de caminhada dentro do Comitê Buva.
O ano como meta norteadora de 2025 indicado pelo Impact Hub Global, que antes parecia tão distante, hoje simplesmente se mostra a um passo de nós, especificamente a 85 dias.
Nosso desafio, como parte da comunidade do Impact Hub Floripa, é gigantesco, mas sabemos que ele também é repleto de oportunidades.
O compromisso Net Zero não é apenas uma meta ambiental. Ele é um compromisso com as futuras gerações, um pacto com a vida no planeta que nos pede ação urgente e corajosa.
Ao olhar para trás e refletir sobre o caminho que percorremos, sinto orgulho das conquistas, das sementes plantadas e da rede que construímos através do Comitê Buva.
No entanto, este é apenas o começo. A jornada em 2025 será cheia de obstáculos, mas também de inovações, aprendizados e, principalmente, de colaboração. Não podemos fazer isso sozinhos. Cada um de nós tem um papel crucial nessa transformação, seja adotando práticas mais sustentáveis no cotidiano, engajando-se nos projetos socioambientais em curso, ou trazendo novas ideias para a mesa.
O planeta nos envia sinais claros de que o tempo está correndo, e cabe a nós agir de forma coletiva e comprometida. Estou certa de que, juntos, conseguiremos criar um impacto duradouro e florescer como a buva, com resiliência e força, mesmo em terrenos difíceis.
Que este projeto Net Zero seja mais do que uma meta. Que ele inspire cada um a ser agente de transformação. Afinal, a mudança que buscamos começa aqui, agora, e com cada um de nós.